A ÁGUIA E A CORUJA
“Depois de muita briga, a águia e a coruja decidiram pôr fim à sua guerra. Um abraço selou a nova amizade e prometeram ambas, com sinceridade, não devorar os filhotes das rivais. Disse a coruja:
- Basta de luta. O mundo é tão grande! Não existe maior tolice do que andarmos a comer as crias uma da outra.
- Perfeitamente. Também eu não quero outra coisa - respondeu a águia.
- Nesse caso combinemos isto: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
- Muito bem. Mas como vou distinguir os teus filhotes? Descreve-me tais quais eles são, que, juro, haverei de poupá-los.
Ante tal compromisso, a coruja, satisfeita, disse assim:
- Meus filhos são mesmo uma graça, cada qual mais bonito e de talhe bem-feito. A penugem que ostentam é fofa e vistosa; sua voz, doce e suave. Se os achares, haverás de ver que mimos tão gentis não merecem morrer.
Feito o pacto, saiu cada qual para um lado. A coruja, em busca de alimento, voou para um bosque afastado; já a águia, com atrevimento (porquanto as águias não têm medo), entrou nas fendas de um rochedo, e ali logo encontrou uns bichos esquisitos, verdadeiros monstrinhos, gemendo tristonhos, penugem horrível, emitindo gritos de som assustador.
- Esses bichos medonhos, provavelmente da coruja não serão. Assim, não há problemas: vou comê-los agora.
E ali se fartou abundantemente.
Um mau pressentimento tomou conta da coruja e a trouxe de volta ao ninho.
Chegando, ela avistou, numa aflição extrema, os restos da chacina e chorou amargamente. Protestava aos gritos clamando aos céus por castigo e foi ajustar contas com a rainha das aves.
- Quê? - disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha não se pareciam nada com a imagem que deles me fizeste. Tu pintaste um retrato que não corresponde, de fato, a filhotes de coruja; assim, não atribuas culpas a outrem. Se as há, são só tuas!”
É dessa fábula que vem a expressão “pai coruja / mãe coruja”.
Na verdade, acho que todos nós somos um pouco coruja com os nossos filhos mesmo, mas só um pouquinho não faz mal, não faz com que eles filhos criem uma falsa impressão a respeito deles mesmos ou se achem melhores do que os outros.
O grande risco é olharmos para nossos filhos e não os enxergarmos como eles realmente são. Temos que, apesar de amá-los muito, enxergar quem de fato eles são, ou melhor em quem de fato eles estão se tornando.
Somente quando temos uma visão realista, madura e crítica de nossos filhos é que podemos demonstrar ainda mais amor a eles, exercendo uma paternidade responsável, colocando os limites necessários e os disciplinando para enfrentarem a vida.
Tenho me deparado com muitos pais corujas e vejo que eles se recusam a enxergar a verdade a respeito de seus filhos, criando assim filhos que crescem sem uma visão real de mundo, da sociedade e da própria vida. Serão os adultos inseguros, raivosos e frustados que tudo farão para satisfazer suas próprias necessidades a despeito de tudo e de todos, usando para isso todos os meios necessários para justificar o fim que desejam.
Que Deus nos dê sabedoria, amor e uma visão realista a respeito de nossos filhos a fim de que possamos criá-los sempre em Seus caminhos e sempre dependendo da Sua graça e misericórdia.
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” Provérbios 22:6
Hum, Lú, eu não conhecia a origem da expressão "pai/mãe coruja"!Muito interessante...E sua reflexão, sempre ótima de se ler!Bjos!
ResponderExcluirPerfeito! Não sabia a origem da expressao... Que o Senhor desvende os meus olhos maternos p que eu veja o que, de fato, meus filhos são...
ResponderExcluirAdorei!!!!!!!!