Como estou inserida no mundo da Educação Infantil, volta e meia me pego recordando os tempos em que meu filhos eram pequenos. Fico me perguntando se naquela época, eles mandavam em mim como vejo hoje as crianças mandando nos pais.
Fico espantada ao perceber como as crianças estão se tornando pequenos tiranos e como colocam os pais a seu serviço e como aqueles que devem satisfazer todos os seus desejos.
Escutei de um pai certa vez: Eu nunca digo não para minha filha. De outro na escola escutei: que bom que aqui na escola, vocês falam não e estabelecem limites porque lá em casa eu não faço isso.
É a decadência dos valores. Os pais devem ser os guardiões de seus filhos, aqueles que devem decidir o que é melhor para eles e delimitar seus caminhos, principalmente enquanto ainda são crianças.
Vejo, hoje, exatamente o contrário. Os pais se submetem, se houver um choro ou um xilique acompanhando as ordens, mais eficiente e prontos a atender esses pais serão. Criança é muito inteligente e sabe disso. Ela usará todo o seu poder para fazer tudo que quer.
Uma cena: o garoto se aproxima de sua mãe e grita: amarra o meu tênis!!!!!!! A mãe agacha assustada e cumpre sem reclamar a ordem recebida. Se eu gritasse com minha mãe levaria no mínimo uma boa bronca.
Paro para pensar e consigo me lembrar que meus filhos nunca me deram ordens. Nunca gritaram comigo, ou deram birras e xiliques para obter o que queriam. Muitas vezes, reconheço, eu fui uma mãe que me antecipava aos desejos deles. Por exemplo, eu já teria amarrado o tênis do meu filho, pois estava sempre tão atenta a ele que assim que desamarrasse eu corria lá e amarrava. Hoje, eu faria diferente, aproveitaria esse momento e proporcionaria a ele uma oportunidade de ter autonomia ensinando-o a amarrar seu tênis sozinho.
Fico feliz em recordar os velhos tempos e perceber que nunca meus filhos me envergonharam na frente dos outros. Isso é maravilhoso.
Eles não estavam no controle, e sim, nós os pais.
E eu pergunto: As crianças sabem o que é melhor para elas? Por que elas é quem decidem nos dias de hoje? Muitos pais se defendem dizendo que se disserem não, os filhos ficarão traumatizados e se o pior ocorrer, por exemplo uma palmada, as crianças ficaram com seqüelas pelo resto da vida.
Será mesmo? Eu já levei algumas chineladas (reconheço que foram bem poucas, pois sempre fui obediente), mas elas não me trazem nenhum recordação ruim. Já levei broncas e também não tenho nenhum trauma disso.
O que traumatiza, o que causa dor em um filho é a violência, a fome, o abandono e a indiferença. O pé da galinha não mata o pintinho.
As crianças serão adultos bem resolvidos, se forem crianças bem resolvidas. Crianças que sabem o que significa um não, essas são bem resolvidas. Dizer não é libertador! Os limites são um sinal enorme do amor e do cuidado dos pais.
Nada pior que ver uma criança chegando e os adultos cochichando: Lá vem o fulaninho... cuidado ele vai destruir sua casa... ele vai gritar, vai dar birra ... Como ele é insuportável....e etc, etc, etc....
Hoje eu colho frutos e sou uma mãe orgulhosa. Recebo muitos elogios a respeito de meus filhos: como eles são educados, como sempre cumprimentam as pessoas, como são pessoas honestas, como são atenciosos com o próximo, como são gente boa, como são respeitosos, carinhosos ...
Acertei em tudo?? De jeito nenhum. Errei demais e ainda erro. Mas realmente nunca deixei que meus filhos gritassem comigo para obter o que queriam e nunca achei que uma palmada ou um não fosse traumatizá-los. O resultado para quem me conhece: Gabriela, Aline e André, orgulhos da minha vida.
Não receba ordens de seus filhos. Esteja no controle, seja firme e diga não.
Chorar, não ter aquele brinquedo novo, tomar banho e comer na hora certa, não ir na casa do amigo, não poder ir passear naquele dia, não assistir TV depois do horário combinado, não rabiscar as paredes, não gritar para obter o que quer, etc, etc, etc .... isso tudo não mata ninguém.
Lá na frente você vai ver que vale a pena estar no controle!
Lú, mais uma vez amei seu texto! Vc é muito sábia e como educadora nos passa uma lição mais uma vez! Bjão!
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