terça-feira, 20 de março de 2012

Encontro de velhos amigos

Há um tempo atrás tive um sonho: reunir os meus colegas do Colégio Pitágoras.
Mas como fazer isso? Afinal, depois de quase 30 anos, eu não tinha mais contato com nenhum colega. 


Fui à luta, pesquisei na internet, procurei, liguei para um e para outro, enfim comecei a transformar o meu sonho em realidade.
Assim , em  fevereiro de 2010 tivemos o nosso primeiro encontro no Restaurante 68. 
Foi uma noite emocionante, alegre, cheia de doces lembranças, muitas risadas e até lágrimas ( minhas é claro).
No dia 17 de março de 2012 tivemos o nosso terceiro encontro. Parecia que o tempo não tinha passado e que somos ainda éramos aqueles adolescentes alegres, despreocupados,cheios de vida e  de esperança.
Foi assim que eu me senti.
Nosso colega Heráclito escreveu um texto maravilhoso que descreve bem a mistura de emoções e sentimentos que sempre cercam nossos encontros, agora já esperados com ansiedade a cada ano.

Segue o texto do nosso querido colega, com a devida permissão para publicá-lo no meu blog.
Com o texto do Heráclito, homenageio aqui cada colega e amigo, que assim como eu, nesses três encontros memoráveis pode perceber e sentir tudo aquilo que o tempo não é capaz de apagar: a amizade pura de uma geração que viveu intensamente os tempos do colégio.


VIVER  E  REVIVER

 Antes de tudo a sensação :
o tempo não passou.
Simplesmente congelou.
A percepção foi que entrei em uma espécie de câmara de nitrogênio, ficando em sono profundo e, depois de 30 anos,  reacordado do coma induzido.

Ainda me recobrando do transe, fiquei perplexo com o que vi. Entrando no local da festa fiquei impressionado. Assim como um menino que volta a loja de brinquedos que, eventualmente visitava, nas datas especiais e  festivas.
Como pode isso ocorrer ?

Me perguntava atônito.

Mais de 30 anos se passaram.
E era como se não houvesse existido este hiato temporal.
Voltou à minha memória o meu tempo de adolescente pelos pátios e corredores do colégio Pitágoras.
E tive a certeza: são aquelas mesmas pessoas que frequentavam aquela escola.
Sem dúvida, as mesmas.

As lindas mulheres presentes desafiavam todas a leis da natureza e mostravam, impecavelmente, toda exuberância e beleza que povoam o habitat feminino. Não andavam, simplesmente flutuavam e deslizavam por entre os homens presentes, que perplexos simplesmente observavam a elegância das mesmas. Desfilavam e enchiam o ambiente com suas presenças.

Algumas, por morarem em região conhecida (rua Marquês de Maricá), já haviam recebido o título de Marquesas. Mas sem invalidar o título anterior,  outras presentes, pela beleza e elegância fariam inveja a  baronesas , duquesas e outras realezas merecendo o título de nobreza, que ainda não receberam em vida.

Os homens, se alegravam  com os causos contados pelos amigos.  Se perdiam a gargalhar. Juntavam estórias de ontem e  hoje numa linguagem toda própria, quase um dialeto.  Poderíamos dizer que falavam em Pitagorês. Desta forma, estes “causistas juramentados”,     transformavam fatos trágicos e complicados, felizmente já passados e superados, em alegres e divertidos feitos dignos de super heróis modernos.

E isto ocorria de maneira muito singular, como se a inversão de valores verbalizada fosse a máxima do dia. Assim, o contador de casos, minimizava seus atos heroicos, por resoluta modéstia e mineiriçe e maximizava os feitos e fatos supérfluos, por simples vaidade do orador.

Quando me lembro do pátio do Pitágoras sei que  o tempo passou. Quando olho para vocês, sinto que não.

Relembro de cada detalhe.
De cada momento daquela época.
Dos dias ensolarados e do cheiro dos flamboyants floridos na porta da escola.
Dos amores juvenis que, mesmo depois de mim separados, me acompanharam por grande parte de minha vida, apertando meu coração de saudades e belas lembranças.
Saudade comprimida dentro do peito.
Uma dor solitária. Aguda.

Por isso voltar no tempo é sempre algo entre sofrido e alegre, divertido e melancólico, prazeroso  e   lacrimoso, sério e irônico. Mas só o ser humano é capaz de reviver o passado. Obter as mesmas sensações já vividas. Relembrar e ao mesmo tempo reviver tudo o que passou.  Sentindo cheiros, enxergando a cena, sentindo o vento no rosto e o toque na pele.

 Se, como diria Guimarães Rosa: “viver é muito perigoso”, reviver é ainda mais.

Daquele menino pequenininho.
Magrinho.
O mais novo da turma.
Muito obrigado a todos vocês.
Foram excelentes anos de convivência.

 Heráclito Miranda







Um comentário:

  1. Luciana de Mello Vianna Freire de Andrade20 de março de 2012 às 21:34

    Em uma palavra: EMOCIONANTE!

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